O jornalista Marcelo Soares postou a pouco em seu blog um artigo publicado hoje no site do jornal inglês Economist, sobre a obrigatoriedade do diploma para o exercício do jornalismo no Brasil.. A seguir o artigo traduzido por Marcelo:
Uma das várias coisas que permaneceram iguais no Brasil depois do fim do regime militar em 1985 foi a necessidade de os jornalistas obterem um diploma e um registro junto ao ministério do trabalho. Quando a lei que estipulou isso foi criada, em 1967, ela criou uma forma útil de evitar que encrenqueiros dessem sua opinião. Ela sobreviveu porque o Brasil costuma ser lento em desfazer tais anacronismos, mas também porque convém aos sindicatos de jornalistas manter a lojinha fechada.
Agora, o Supremo Tribunal Federal vai decidir se elimina essa lei. Ao mesmo tempo, o ministério da educação pondera se qualquer brasileiro com grau universitário poderia obter um diploma que lhe permita escrever (um pré-requisito que, de saída, ainda excluiria o presidente Luiz Inácio Lula da Silva).
"A qualidade do jornalismo no Brasil sofreria se as regras mudassem", afirma Celso Schröder, da Federação Nacional dos Jornalistas. Isso é questionável. Boa parte do jornalismo do Brasil é boa e robustamente independente, particularmente quando se comparado com a mídia do México ou da Argentina. Mas isso tem menos a ver com os diplomas brandidos pelos profissionais do que com a competitividade do mercado de jornais e revistas. Embora haja apenas poucos canais de TV disponíveis para todos, eles fazem um trabalho bastante bom de cobrir o que está acontecendo para aqueles que assistem às notícias, ao invés de lê-las.
A maior falha na mídia brasileira tem a ver com a propriedade de emissoras de rádio e jornais de província. Segundo o Donos da Mídia, um grupo de monitoramento, 271 políticos (definidos como legisladores estaduais ou federais, ou prefeitos) são ou diretores ou sócios de empresas de mídia. Surpreendentemente, os dois estados com a maior incidência de donos-políticos são Minas Gerais e São Paulo, no desenvolvido sudeste. Nenhum diploma pode garantir jornalismo independente da parte desses mini-Berlusconis.
Uma das várias coisas que permaneceram iguais no Brasil depois do fim do regime militar em 1985 foi a necessidade de os jornalistas obterem um diploma e um registro junto ao ministério do trabalho. Quando a lei que estipulou isso foi criada, em 1967, ela criou uma forma útil de evitar que encrenqueiros dessem sua opinião. Ela sobreviveu porque o Brasil costuma ser lento em desfazer tais anacronismos, mas também porque convém aos sindicatos de jornalistas manter a lojinha fechada.
Agora, o Supremo Tribunal Federal vai decidir se elimina essa lei. Ao mesmo tempo, o ministério da educação pondera se qualquer brasileiro com grau universitário poderia obter um diploma que lhe permita escrever (um pré-requisito que, de saída, ainda excluiria o presidente Luiz Inácio Lula da Silva).
"A qualidade do jornalismo no Brasil sofreria se as regras mudassem", afirma Celso Schröder, da Federação Nacional dos Jornalistas. Isso é questionável. Boa parte do jornalismo do Brasil é boa e robustamente independente, particularmente quando se comparado com a mídia do México ou da Argentina. Mas isso tem menos a ver com os diplomas brandidos pelos profissionais do que com a competitividade do mercado de jornais e revistas. Embora haja apenas poucos canais de TV disponíveis para todos, eles fazem um trabalho bastante bom de cobrir o que está acontecendo para aqueles que assistem às notícias, ao invés de lê-las.
A maior falha na mídia brasileira tem a ver com a propriedade de emissoras de rádio e jornais de província. Segundo o Donos da Mídia, um grupo de monitoramento, 271 políticos (definidos como legisladores estaduais ou federais, ou prefeitos) são ou diretores ou sócios de empresas de mídia. Surpreendentemente, os dois estados com a maior incidência de donos-políticos são Minas Gerais e São Paulo, no desenvolvido sudeste. Nenhum diploma pode garantir jornalismo independente da parte desses mini-Berlusconis.
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