Certa vez, em um evento da Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul (Fiems), os jornalistas presentes se reuniram em um cantinho para apreciar de longe as homenagens e demais lenga-lengas que compunham a programação. Como é comum, o bate-papo eclodiu entre os coleguinhas e acabou vindo à tona a malfadada exigência do diploma para o exercício da profissão.
Como sempre, me posicionei contra a obrigatoriedade. Os ânimos não ficaram muito amenos e, presente ao bate-papo, uma colega com quem já havia trabalhado na TVE, integrante do Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso do Sul, fez o que fazem os defensores do diploma: ao invés de debater perguntou-me de chofre se eu era diplomado. Respondi que não e ela, imediatamente, encerrou a discussão como se o fato de eu não ser diplomado fosse, por si só, argumento final contra meu posicionamento.
Não preciso dizer que a tal coleguinha caiu muito no meu conceito...
A estratégia de desqualificar a opinião dos que são contra a obrigatoriedade do diploma é uma das mais lamentáveis facetas desta encruzilhada em que vive o jornalismo no Brasil. Mostra a incapacidade de nossos sindicalistas (e de parte da academia) em debater de fato o tema. Lamentável.
Trago este assunto, pois o mesmo argumento que minha amiga jornalista usou naquela oportunidade foi usado esta semana para contrapor meu posicionamento em sites de notícia locais, onde deixei clara a minha opinião sobre o tema, sugerindo um debate mais aprofundado sobre o tema.
Eis que no em um espaço dedicado a opinião do leitor de um destes sites um colega de profissão chamado Carlos Cunha (não o conheço pessoalmente) sugeriu que meu posicionamento contra a exigência do diploma era fruto de minha condição de jornalista não diplomado. Sugeria o Carlos que eu assim procedia por “receio” de perder meu registro precário.
A precisão na checagem de informações é condição básica no exercício do jornalismo e Carlos Cunha pecou neste sentido.
Pecou pois não sabia que, apesar de não ser diplomado, eu cursei a Faculdade de Jornalismo de 1988 a 1992, tendo abandonado o curso por motivos particulares. Pecou por não saber que retomei os estudos em 2006 na Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) e que já defendi meu projeto final, estando cursando a última matéria para a conclusão do curso. Pecou por ser apressado em condenar meu posicionamento sem argumentos legítimos.
Pois bem. Posso ser acusado de corporativismo em minha opinião? Eu que cursei a faculdade de 1988 a 1992 e que retomei os estudos depois de velho estando prestes a concluí-los? Acho que não...
Victor Barone
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