Semana On

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Falando em ética...

Certa vez, em um evento da Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul (Fiems), os jornalistas presentes se reuniram em um cantinho para apreciar de longe as homenagens e demais lenga-lengas que compunham a programação. Como é comum, o bate-papo eclodiu entre os coleguinhas e acabou vindo à tona a malfadada exigência do diploma para o exercício da profissão.

Como sempre, me posicionei contra a obrigatoriedade. Os ânimos não ficaram muito amenos e, presente ao bate-papo, uma colega com quem já havia trabalhado na TVE, integrante do Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso do Sul, fez o que fazem os defensores do diploma: ao invés de debater perguntou-me de chofre se eu era diplomado. Respondi que não e ela, imediatamente, encerrou a discussão como se o fato de eu não ser diplomado fosse, por si só, argumento final contra meu posicionamento.

Não preciso dizer que a tal coleguinha caiu muito no meu conceito...

A estratégia de desqualificar a opinião dos que são contra a obrigatoriedade do diploma é uma das mais lamentáveis facetas desta encruzilhada em que vive o jornalismo no Brasil. Mostra a incapacidade de nossos sindicalistas (e de parte da academia) em debater de fato o tema. Lamentável.

Trago este assunto, pois o mesmo argumento que minha amiga jornalista usou naquela oportunidade foi usado esta semana para contrapor meu posicionamento em sites de notícia locais, onde deixei clara a minha opinião sobre o tema, sugerindo um debate mais aprofundado sobre o tema.

Eis que no em um espaço dedicado a opinião do leitor de um destes sites um colega de profissão chamado Carlos Cunha (não o conheço pessoalmente) sugeriu que meu posicionamento contra a exigência do diploma era fruto de minha condição de jornalista não diplomado. Sugeria o Carlos que eu assim procedia por “receio” de perder meu registro precário.

A precisão na checagem de informações é condição básica no exercício do jornalismo e Carlos Cunha pecou neste sentido.

Pecou pois não sabia que, apesar de não ser diplomado, eu cursei a Faculdade de Jornalismo de 1988 a 1992, tendo abandonado o curso por motivos particulares. Pecou por não saber que retomei os estudos em 2006 na Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) e que já defendi meu projeto final, estando cursando a última matéria para a conclusão do curso. Pecou por ser apressado em condenar meu posicionamento sem argumentos legítimos.

Pois bem. Posso ser acusado de corporativismo em minha opinião? Eu que cursei a faculdade de 1988 a 1992 e que retomei os estudos depois de velho estando prestes a concluí-los? Acho que não...

Victor Barone

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