Semana On

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Poema Noturno

Um louco em mim diz vai,
fala o que é para ser dito,
arregala uma boca
cheia de veneno

Mas me acovardo atrás de letras
Digo apenas o que querem ouvir
Destilo a peçonha em mim mesmo

Um louco em mim diz grita,
caminha os passos que são claros,
fecha os olhos e pula
sem medo do ar

Mas me encolho entre vozes
Fecho os olhos, que são rasos
Apronto a ladainha que querem ouvir

Um louco em mim diz mata,
arrebenta a cabeça da cobra,
espreme este mal
pela raiz

Mas insisto em andar descalço
Por este mar de navalhas
Que me adoçam a ferida exposta

VB

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