Semana On

quinta-feira, 27 de julho de 2006

Nós, jornalistas.

Jornalista. Esta é uma das mais ingratas profissões. A esmagadora maioria dos profissionais que atuam nesta área, diplomados ou não (isso pouco importa), vivem uma mentira. Muitos não gostam disso, mas são obrigados a exercer sua profissão, sem, no entanto, exercê-la de fato; outros, menos conscientes, escapam a esta angústia pelo simples fato de nem ao menos saberem a que vieram ao mundo (profissionalmente falando): são beneficiados pela própria estupidez.

O jornalista, este que é obrigado a "fingir" que exerce a profissão, sofre. Sofre por estar diariamente diante de um impasse: dizer o que deve ser dito ou dizer o que "pode" ser dito. Esta encruzilhada, esta armadilha moral, nos é imposta a cada santo dia e é ditada não pela censura política (aquelados tempos do chumbo grosso), mas pela ditadura econômica. Esta, que humilha nossa nobre profissão e a tem colocado de joelhos, como serva corrompida pelos (e para) quem detém o poder.

O jornalista, como todos os demais, tem contas a pagar, tem filhos a sustentar, tem seus problemas diários a resolver e, aliado a todas estas mazelas da vida moderna, tem também sua consciência a zelar (pelo menos alguns, não todos). Estes tentam a todo custo "ser" jornalistas de fato, driblando cáe lá os empecilhos do mercado para, em um momento de euforia, dizer o que deve ser dito. Pegar o jornal de manhã e pensar: "Cumpri meu papel".

Quase sempre, isso é conseguido nas entrelinhas ou jogando o jogo dos que controlam a mídia, se inserindo na guerra dos poderosos para, em uma oportunidade, comemorar um golzinho, uma notícia que tenha o poder de despertar os que vivem adormecidos.

Mas, não há nada de romântico nesta profissão. O mesmo guerrilheiro das palavras que muitas vezes se arrisca a perder o emprego para soltar determinada notícia, às vezes, atua como "ghost writer" para interesses alheios. Não, não há orgulho algum nisso.

Mas este não é o pior espécime entre nós, jornalistas. Há um, muito pior. E não me refiro aos omissos que simplesmente fecham os olhos e seguem a trilha como carneirinhos sem ao menos entender a nobreza de sua profissão. Refiro-me, na verdade, aqueles que sentam do outro lado da turba, que por detrás de "colunas" repletas de egocentrismo, protegidos por paredes de vidro, pousam de bons moços (ou moças) para "evacuar regras", condenar e absolver, julgar...

Estes (ou estas) certamente não entendem bem a função desta profissão tão bela, mas tão escarnecida.

1 comentário:

Anónimo disse...

Tenho acompanhado seus comentários, só não estou postando mensagens. abraços.