Semana On

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Meu amigo Nilo Corrêa me perguntou o que eu pensava sobre o envolvimento da revista Veja com o crime organizado.

Acho que vou começar citando o mestre Alberto Dines, para quem “fontes corruptas são inevitavelmente corruptoras”. Ou seja, cabe ao jornalista fugir das teias corruptoras de uma fonte que seja uma aranha gorda, como é o caso do Carlinhos Cachoeira.

Não existe Jornalismo sem fonte. A fonte não precisa ser “honesta”, mas a informação que ela repassa precisa ser checada para que a mensagem final seja a verdade. Não acho que as reportagens publicadas pela Veja com base nas informações obtidas por meio do Cachoeira sejam falsas. Aliás, nenhum detrator da revista disse isso até agora.

Novamente reitero que em minha modesta opinião, não interessa se a fonte é honesta ou não. O que interessa e se a informação procede.

O que se deve questionar é se a relação entre fonte e jornalista (entre Cachoeira e a Veja) inverteu o controle da informação. O controle deve ser do jornalista e não da fonte: ou seja, as informações eram procedentes? O diretor de redação da revista, Eurípedes Alcântara, disse em artigo que sim. Afirmou: “Ter um corrupto como informante não nos corrompe”. Concordo com esta premissa.

A Veja pecou – com má intenção política creio – na tentativa de elevar o Demóstenes Torres a um nível de excelência ética. Isso ficou óbvio e mostra uma estratégia política desastrada – a mesma que a Carta Capital adotou ao publicar uma capa comparando Roberto Civita a Rupert Murdoch. Há um abismo entre este fato e o questionamento das denúncias feitas pela revista. Como já disse, ninguém em sã consciência fez isso.

Finalizo citando Dines novamente. Diz ele que “a submissão (da imprensa) a partidos, governos e religiões é uma forma disfarçada de embolsar propinas e aceitar suborno”. Concordo e isso vale para todos.

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